Filhote,
Por conta da proximidade do seu 2º aniversário, o Papai anda um tanto quanto pensativo (mais do que o normal). Precisando desabafar um pouco, acabei por escrever algumas poucas e mal traçadas linhas no blog Pontos de Vista Livres e transcrevo abaixo.
"Na próxima semana, no dia 09/06, meu filho Daniel completará 2 anos de vida. A proximidade da data me trouxe algumas reflexões. Uma delas, é a que refere-se aos medos de pai que tenho.
Antes da chegada do Dani, eu não pensava em ser pai. O motivo mais forte que me impedia de pensar nisso era o fato de que não conseguia lidar com a responsabilidade de colocar mais um ser indefeso no meio desta sociedade falida.
Só a vida me presenteou (não, não foi com dois primos já marmanjos, não) com esse carinha maravilhoso. E, a partir disto, houve uma transformação: a paternidade acabou tornando-se a melhor coisa que já me aconteceu. Clichê? Sim, mas fazer o quê, né?
Em que pese toda a gama de coisas maravilhosas que a rotina de uma família possa trazer, quero falar de alguns medos que tenho.
Os principais, são os de sempre: medo da violência, de não conseguir dar uma boa educação, de não ter a paciência necessária, de não saber corrigir na hora – e da forma – correta e por aí vai.
Contudo, uma das coisas que mais me aflige para o futuro é que eu não consiga impedir que o Daniel torne-se mais um. Sim, isto mesmo. Meu maior medo é que ele transforme-se numa pessoa acomodada.
Que seja mais um dos que acham que só ele “faz por onde”. Que só ele trabalha. Que só ele estuda. E que os outros não têm mérito algum.
Que ele seja daqueles que acham que, se uma pessoa vive em situação difícil, é porque não gosta de trabalhar ou por que não quis estudar.
Que generalize a tudo e a todos.
Tenho medo que meu filho se torne um daqueles que entra em rede social para ficar destilando veneno e dizendo besteiras. Um preconceituoso contra as minorias, daqueles que torce o nariz para reivindicações da classe trabalhadora.
Pior: daqueles que acham que não faz parte de uma classe trabalhadora, que pensa ser melhor do que ‘eles’.
Defeitos meu filho já tem os seus, isto é da nossa natureza. E Que ele terá muitos outros, disto eu não tenho nenhuma dúvida. Entretanto, confesso ter os receios acima.
Não sei lidar com pessoas com o tipo de pensamento que citei. Ter um filho com uma cabeça retrógrada e atrasada seria dos maiores desafios a encarar.
Então, o negócio é me preparar pra batalha. Tentar educar da melhor forma possível. E, mesmo assim, o risco ainda será grande.
São apenas dois anos. Muitos outros virão. Que eu consiga contribuir o máximo possível para que meu filho seja uma pessoa esclarecida, de bom caráter e que, principalmente, utilize sua mente para pensar e não somente para repetir ideias robóticas e generalizadoras.
Parabéns, filho! O mundo te espera, ávido para te tirar do prumo. Vamos encarar juntos, é o que nos resta."
Te amo, filho.
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